quinta-feira, 27 de agosto de 2009

A Arte de Governar


As ideias do pensador florentino Nicolau Maquiavel nunca estiveram tão impregnadas nas ingerências políticas brasileiras, voltadas ao Senado-senil, principalmente retratando o grande Médici-Sarney, seus comparsas e sua família.
Pode até ser que seja uma comparação estapafúrdia, porém não consigo, diante de uma catarse, desfazer desta minha indignação e gargalhadas convulsivas. "Estou farto" do silêncio dos intelectuais, estou farto da acomodaçao do povo, estou farto da calmaria da plebe.
Será que Maquiavel estava certo? Será devaneio de minha mente conturbada? Será que a arte de governar é imperar a maldade, e com isso sendo a única possibilidade para salvar o tão discutido poder?
Maquiavel nos ensinou em O Príncipe e nos Discursos sobre a Primeira Década de Títo Lívio que fazer o mal é uma das modalidades de fazer-se política. Será que no Senado-senil brasileiro todos leram estas tão grandiloquentes obras? Ou a maldade voltada ao poder é inerente ao Homem?
Totalmente inovador e atual, o pensador soube muito bem dissecar o poder que emana nas entranhas políticas e daqueles que seguram o cetro do comando. Maquiavel expõe o desejo do povo e o desejo dos grandes e contrários a isso, a busca pela liberdade política.
Virtú e Fortuna, deusas apreciadas pelo florentino e vivas na condição humana e na vontade humana. Vivas no cenário político brasileiro.
Rimos do Conselho de Ética, no Senado-senil. Qual Ética? Quais representantes deste conselho? Quanto lamaçal nas práticas éticas. Quanta chafurdação.
Onde está a tão sonhada ética? Será a banalização da ética? Como um cidadão pode praticar a ética, se no meio político ela não está ou está ao avesso? Os donos do poder riem deles mesmos, eles riem dos seus malabarismos, para se safarem das tramoias, das roubalheiras, das evidências escusas, dos engodos, das ingerências, da falta de ética, do povo que é apolítico, do analfabeto político, da surdez e falta de visão reflexivas do povo. Simplesmente, riem. É o que cabe a eles.
Como disse um representante do poder em Brasília, lá no Congresso não há santos. Eles mesmos desacreditam no poder de sedução da ética. Eles desacreditam que o povo pode bradar. Eles desacreditam em uma nação que possa caminhar com preceitos éticos, com exemplos de humanidade.
A mentira está em pauta no congresso. Outra trapassa que ultrapassa a ética e o respeito à inteligência, a nossa inteligência.
A dissimulação é própria do Homem, desde Homero. A mentira faz parte da história humana. O poder político e seus seguidores fazem uso desta milenar habilidade que acompanha o Homem.
Cansativamente, todos os dias, os noticiários nos jogam as habilidades da candidata à presidência do país, Dilma Rousseff , mentir ou não mentir? Lembrem-se, há um adágio que diz, o bom mentiroso tem que ter boa memória. Será que ela irá entrar em contradição? Ou as evidências serão escamoteadas?
Enganar é fundamental para a condição humana. Segundo uma pesquisa feita pelo psicólogo Robert S. Feldman, da Universidade de Massachusetts, em 2002, o sexo feminino é mais hábil para mentir.
No mundo social, em que estão as instituições e nelas o Homem, o cenário é uma verdadeira(?) dissimulação. Um jogo darwiniano.
A pensadora Hannah Arendt dizia que o jogo da verdade nada pode fazer no meio político e o meio político é um jogo de interesses, conflitos e poder. Exclusivamente, poder. Ocultamento e dissimulaçao. Cenas estas descritas que são jogadas cotidianamente pela tela mágica chamada televisão.
Culpada ou não? Vai para o bando do réu? Todavia, o "banco" é uma nódoa, uma mancha de vergonhas, uma mancha de não credibilidade, uma mancha de não vai dar em nada, etc. Com quem está a verdade?
Novamente, as convergências políticas acabarão na verdade do poder, a única verdade que eles conhecem, contudo, dentro de uma falseabilidade. E nós, povo, ficamos, como sempre, nas divergências.
O cenário da hipocrisia, do ocultamento, da dissimulação, do engodo e do enganar mostra um palco que continuará com seus bufões, seus príncipes, seus Médicis. O poder é a pedra filosofal, é nele que os homens mostram as máscaras, suas verdadeiras máscaras. Artíficios naturais, próprios da raça humana.
"E agora, José/A festa acabou,/A luz apagou,/O povo sumiu,/A noite esfriou,/E agora, José?/José, para onde?" Drummond, dentro de uma subjetividade, retratou a crise poder/povo e toda crise há a possibilidade de mudanças. Quais? O povo aprendeu a mentir, o povo aprendeu a ocultar, o povo aprender a não ter ética. O povo desacreditou nele mesmo. E agora?

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