Estou fechado.
Entre paredes o mundo é angular.
Estou confinado nas diagonais.
Sinto-me sufocado.
Preciso de aberturas.
Abro a janela
E me ponho a janelar...
Vejo a mesmice que fere e mata.
Respiro gases que putrefam a cidade,
a minha pele, o meu corpo e a minha alma.
Ouço uma Babel, vozes distoantes,
longínquas e similares.
Alguém me chama?
Ou estou a chamar-me?
Meu espaço aqui é retangular e vertical
Ou mera ilusão de óptica?
Sobreposto estou.
Subexposto fico.
Da abertura da minha janela
Vejo carros, ouço buzinas, pessoas que correm
contra a finitude do tempo, do seu tempo.
Um desespero invadiu meu ser.
Não encontro alívio para minha alma.
Respiro o cheiro da morte.
Ao longe, um pássaro, vários?
Ou será uma percepção alucinógena?
Spleen, spleen, spleen, splenn, esplen ...
Absintamente o que vejo?
Não! São seres alados com suas asas e garras afiadas
pairando num bailado fúnebre, em um céu púmbleo
esperando a morte cair, a minha morte.
Não consigo fechar a janela.
Não disponho de forças como antes.
Clamo por ajuda.
Grito. Todos os sinos num cântico fúnebre.
Todos os anjos num só coro.
O medo me cobriu.
Meus olhos se direcionam a um ponto fixo
e não consigo decifrar a mensagem no pórtico
Não vejo esperanças
O barqueiro Caronte docemente com sua sina
Tento fechar novamente a janela...
Fechar-me!
Vou pular. Será minha via-crucis, o pulo?
Estou neste la´birinto retangular, triangular, oval, não sei. Spleen!
Quantos caminhos? Só há a janela como salvação.
Clamo por ajuda. Súplicas, nada mais.
A janela está totalmente aberta...
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