Segundo domingo do mês de maio, dia das mães. Desde que participamos dos malabarismos do capital, o consumo entranhou em nossos cérebros e passamos a servos incontestes dele. Daí datas simbólicas foram criadas e valorizadas, e o dia das Mães não poderia faltar. O senso comum é uma praga da humanidade, como também uma salvação.
Como ficar alheio, distante e indiferente neste dia? Deixemos as reflexões, os bordões, os clichês e chavões que friamente e dialeticamente desfazem deste dia. Deixe eu vivenciá-lo e saboreá-lo.
Mãe, mesmo diante dos clichês e lugares-comuns,é motivo de reverência e amor. Bendita é a mulher que traz à luz a LUZ. Bendita é a mulher que gera vida e cria. Bendita é a mulher que ama incondicionalmente.
Lágrimas agora descem do meu rosto, pois, como escrever sobre o tema, se não lembrar da minha mãe.
São lágrimas calmas, leves. Descem lentamente do meu rosto, sem desespero, sem cobranças, mas lágrimas suaves, cheias de ternura.
O corpo da mulher foi esculpido e torneado para criar vida, somente ela é capaz de tal merecimento. Ao descobrir que está grávida, imediatamente rompem todas as amarras de fragilidades e medos(algumas não percebem, mas existem), é próprio da mulher. Rituais começam a fazer parte da vida dela. O ritual da paciência. O ritual da espera. O ritual da ternura. O ritual do olhar. O ritual da atenção. O ritual do olhar. O ritual do aconchego. O ritual do amor incondicional. O ritual das lágrimas. O ritual do sorriso. O ritual do corpo. Tudo muda. Tudo se transforma. Ela jamais será a mesma.
Seu destino já está traçado. Ser mãe.
Bem dita é ela.
No ventre carrega vida
Seu corpo todo pulsa
Dois corações
Esculturada para parir
Modelada para amar
com dores e alegrias
Carregará dentro do seu ventre
vida humana
vida envolvida pelo corpo materno
protegida pelo calor e amor
Ancestralidade é seu nome,
sua sina é dar vida
conduzir vida
trazer vida
dar LUZ
Mater, madre, mãe
seu nome é reverência
seus braços, proteção
seus olhos, vigília
seus lábios, direção
seu corpo, morada.
Mãe, o cordão da vida
Mãe, o que devo?
a minha existência
a minha infância
os meus erros
os meus acertos
os meus choros
as minhas alegrias
as broncas
as conquistas
a minha adolescência
as minhas descobertas
as minhas derrotas
as minhas decepções
as minhas vitórias
os meus sonhos
os meus valores
os meus medos
os meus ânseios
os meus mundos
as minhas objetividades
a minha maturidade
o meu corpo
os meus amores
os meus dissabores
as minhas individualidades
as minhas angústias
os meus egoísmos
as minhas dores
as minhas indecisões
as minhas certezas
o conhecimento
o discernimento
a compreensão
a incompreensão
a possibilidade de amar
incondicionalmente
a vida
o meu filho
e a certeza de que nunca vou pagar
sempre vou aprender
vida com você.
Meu amigo, mais uma vez, reverência aos seus textos que adentram nossas almas e pedem para serem lidos mil vezes...
ResponderExcluirSuas palavras aqui, são minhas e de todos os filhos que hoje encontram-se ausentes de sua metade! Emocionei-me em perceber que um homem com sua sensiblidade incrível conseguiu descrever perfeitamente o dom de ser mãe e tudo o que ela nos representa! Abraços!....Noite Nanquim
Tenho certeza que o amor que sentes pelo teu filho é um reflexo do amor que tua mãe devotou um dia a ti.
ResponderExcluirMãe cada um tem a sua, mas no fundo as lembranças, os sentimentos e até mesmo as acções são parecidas, quando dizem respeito a elas.
Eu amo a minha, e sei que ela me ama. Dia 15 de Julho agora faz 4 anos que não nos vemos, e nem quero falar agora sobre isso, que me dói fundo aqui no meu coração.
Mas o poema está bem escrito. Pensamentos discordantes, em alguns trechos, mas o que é que é sempre coerente nas nossas vidas? Nada. Como o amor de mãe, que é incondicional, e que em troca recebe de nós o que? Nem sempre amor, infelizmente.
Abraços, Maurício. Fica com Deus.
Quando puder, dá uma visita no MSN.
Te admiro muito.