terça-feira, 29 de dezembro de 2009

Os ombros suportam o mundo?


Inicio este artigo com uma frase de Vergílio Ferreira, um escritor português, o considero existencialista, enfim , um escritor considerável, que diz o seguinte "Há dentro de nós a exigência absoluta de sermos eternos e a certeza de o não sermos. O absurdo é a centelha do contato destes dois opostos." Acredito pertinente à entrada de 2010. O ser humano com suas exigências, em busca do elixir e do Graal da longevidade. A guerra de todos contra todos pelo absoluto, e é aí que o homem se perde, é nesta busca pela certeza que sua moral alienada se desfaz, com isso encontramos um homem perdido, um homem desintegrado,um homem em seu estado natural, um homem darwiniano, instintivo. Vergílio Ferreira em poucas palavras evidenciou este homem. Caso busque exemplos escritos ou imagens, principalmente imagens, ainda mais na era mas media, na era do visual, dos olhos assoberbados e confusos, dos olhos midiáticos, dos olhos refletores, contudo cegos, uma cegueira irreversível? encontraremos à exaustão.
Diante deste impasse, pensei, o que irei escrever? Como receber o ano novo? Por que novo? Cronologicamente, os desígnios do Homem são postos como uma ordem por ele mesmo. Entrar o ano novo 2010 é chegar à meia-noite e saber que sexta-feira chegou e o dia primeiro de janeiro de um outro ano entrou. Porém os significados, os emblemas, os rituais, os valores antropológicos, as crenças, as superstições, as simbologias, os conceitos dos ocidentais, dos orientais, dos árabes, dos islâmicos, dos nórdicos, mitos, enfim o homem construindo valores àquilo que não consegue encontrar resposta, mesmo afirmando que exista tal resposta, exista tal Graal.
Eu, como um mortal crente, hipotético e inconformado com a vida que o homem vem desenhando, vejo que a solução , há solução sim, é o homem voltar a sua sensibilidade de humano, procure mais tocar, abraçar, beijar, amar, confiar, tolerar, porém de uma forma genuína, sem luxúria, sem malícias. Busque enxergar os problemas e enfrentá-los, mesmo que isso acarrete dissabores e sofrimentos, o bem, não seja supremo, é a felicidade. Busque em 2010 a coragem, a força para dialogar com a vida. Busque em 2010 a tolerância, ser tolerante é ser humano, é saber que nada mais somos que humanos, todos diferentes, mas humanos. Busque a verdade, a lealdade, mesmo que para isso passe por situações-limite. Busque enxergar mais o céu azul, as estrelas, a noite, a lua, o vento rossando nossos corpos. Dê espaço ao tempo, à respiração.Busque em 2010 enxergar o outro com olhos de compaixão, perdão, desculpas. Busque em 2010 você. Busque em 2010 a valorizar o planeta Terra, a ensinar , a educar e aprender. Busque em 2010 ser amigo. Busque em 2010 a benevolência. Busque em 2010 a incomodação com as agruras da vida do outro. Incomode com o sofrimento, incomode com a desonestidade, incomode com a desumanidade, incomode com a corrupção, incomode com a falta de alimento para quem não tem o que comer. Incomode com a destruição do meio ambiente, incomode com o político, incomode com falta de qualidade no ensino, incomode com você, incomode com a vida. Incomode com o se... No momento que nos incomodamos, refletimos e quando refletimos , agimos. Nossa missão para 2010 é AÇÃO. Busco um poema para finalizar meu incômodo, é de Drummond, espero que gostem e REINICIAR É O CAMINHO, SEMPRE!


Chega um tempo em que não se diz mais: meu Deus.
Tempo de absoluta depuração.
Tempo em que não se diz mais: meu amor.
Porque o amor resultou inútil.
E os olhos não choram.
E as mãos tecem apenas o rude trabalho.
E o coração está seco.


Em vão mulheres batem à porta, não abrirás.
Ficaste sozinho, a luz apagou-se,
mas na sombra teus olhos resplandecem enormes.
És todo certeza, já não sabes sofrer.
E nada esperas de teus amigos.


Pouco importa venha a velhice, que é a velhice?
Teu ombros suportam o mundo
e ele não pesa mais que a mão de uma criança.
As guerras, as fomes, as discussões dentro dos edifícios
provam apenas que a vida prossegue
e nem todos se libertaram ainda.
Alguns, achando bárbaro o espetáculo,
prefeririam (os delicados) morrer.
Chegou um tempo em que não adianta morrer.
Chegou um tempo em que a vida é uma ordem.
A vida apenas, sem mistificação.

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Devaneios

No calor da tarde no meu corpo
observo aqueles que não me veem
ensimesmados.
Couraças que vestem e revestem
seus corpos e seus espíritos.
Sentado em uma livraria
lendo qualquer um.
Qualquer linha.
Qualquer mundo.
Qualquer espaço.
Qualquer eu.

Envolto pelos cheiros e aromas dos cafés
servidos e bebidos.
Bebida preta, envolvente.
Cafeinados pelas leituras.

Ah, me encontrei em um campo de lilases.
Leio Walt Witman. Sou paradoxal!
É a cafeína!

Canso de olhar figuras ao meu redor.
Várias máscaras.
Volto à leitura.
Olho para o teto que me cobre,
envolve meu pequeno corpo
com seus ângulos e geometrias
nada lineares,
impedem a minha saída
do mundo da leitura, caso eu queira sair.
Os seguranças, vários.
Sentimentos à Caronte.
Desconfiados, com seus olhares
conturbados, em várias direções.
Contorcionistas da livraria.
Vigias do templo dos imortais e dos semideuses.

Comprimido pela velocidade da tarde,
Walt Wiltman me deixa cansado.
Não quero questionar a vida,
a minha vida.
Quero simplesmente a leveza da tarde
em uma livraria, embriagado de café.
Rodeado pelo sobrenatural,
seus espíritos rondando cada compartimento,
cada vão...

Levanto!
Em que direção? Ao nada?
Encontro com a imortalidade.
Acordo Kafka, Dostoievski, Jorge Amado, Clarice Lispector, Joyce, Poe, Oswald de Andrade, Picasso, Dali, Manuel Bandeira...
Uma confusão em fusão.
Fico tonto.
Os meus olhos em direção a cada livro.
Acordo todos eles, do sono eterno.
Não sei em que dimensão do universo eles estavam.
São onipresentes, onipotentes.
Imortais!
Pode ser que neste exato momento
diverso os leem.
Diversos os xingam!
Diversos os vingam!
Diversos os menosprezam!
Diversos os queimam!
Diversos os abandonam!
Diversos choram...

Sei que lê-los
os acordarei do passado
quiçá mal resolvido.
Acordo o momento da escrita de cada um.
Das gotas de sangue jorradas ao escrever.
Acordo suas intimidades.
Acordo os seus sonos
suas brevidades,
seus êxtases,
seus dissabores,
seus devaneios,
suas decepçoes,
suas solidões,
seus ataques de vaidade.
suas luxúrias,
seus suícidios,
(...)

Acordo suas vãs liberdades.
Acordo as suas alteridades.
Os seus desejos de morte.

Estou ainda com Walt Wiltman.
Por que não o solto?
Sinto-o com sua fisionomia anglo-saxã
enfurnado em suas grossas barbas.
Sinto o cheiro do vômito de palavras
na minha carne.
Compulsivamente, também, entro em êxtase momentâneo.

Não consigo mais ver rostos
encouraçados e sem vozes espalhadas
não de pessoas comuns, mas de almas, de espíritos.
Vultos...
Almas inquietas, espectrais.
De escritores mal compreendidos,
egoístas, soberbos, doentes, esquizofrênicos, depressivos, vadios,
errantes, compulsivos, viciados, homossexuais.
Vários, vários.
Letras palpitam e pulsam como um órgão.
Prateleiras que mexem incessantemente.
Liberdade às almas condenadas ao pó,
às prateleiras,
ao abandono.
ao esquecimento,
ao vento,
ao espanador,
aos dedos e mãos dos arrumadores de estantes,
ao vazio,
ao espaço entre espaços, elipses, elipses do tempo,
às leituras aleatórias,
aos incrédulos,
às leituras salvadoras,
às leituras suicidas,
às leituras pecadoras,
às passadas de páginas com dedos encardidos,
às possíveis páginas amarelas, abandonadas às traças.
Aos depósitos amontoados de cérebros,
desordenadamentes, para o esquecimento.

Ouço gritos distantes
distoantes.
Ninguém ouve.
Várias línguas, uma babel.
Penetrantes, assustadoras, nos interstícios da livraria,
nas frestas, entre livros.

Consegui deixar Walt Wiltman.
Direciono meu olhar a um espectro na prateleira.
Não consigo identificar o nome e nem o rosto e nem o título.
Obliquamente, meus olhos procuram o infinito em cada livro,
em cada página, em cada movimento inconsolável
de todos que ali estão.
Buscam a salvação ou a perdição?
Eu busco o quê?

Conturbado e ébrio de café,
encaro outro espectro.
Tem os olhos miúdos, inconfundível!
Óculos voltados ao espelho da alma do ser humano.
Barbas e bigodes marcam a vida e a morte.
Comportamentos humanos, nada mais!
Lá estava ele, dissimulado.
Olhar de ressaca, fixado em cada um,
em mim, como eu a ele.
Só que havia vários dele, enfileirados, clonados.
Fiquei confuso, qual seria ele?
Queria dizer-me algo?
Não sabia, entrei em transe.

Apareceram vários espectros em minha direção.
Vinham como saindo de seus túmulos.
Descontrolado, peguei um que vi à minha frente,
um sociólogo polonês, Zigmum Bulman.
Vivo!
Liquidamente, vivo!
Começo a folheá-lo, ininterruptamente.
Leio-o sedento.
Sua ideia do absurdo do homem,
da liquedez da vida,
do amor líquido,
do Homem - líquido,
me senti desconfortável,
a irreversibilidade do homo sapies sapiens.
Devolvi-o como numa catarse à prateleira.

Olhares absortos continuam a fustigar a livraria.
Muitos entram neste labirinto de palavras,
de letras,
de signos,
de símbolos,
de vozes,
de almas condenadas,
de almas nas encruzilhadas
de almas puras, raríssimas.
De corpos, corpos,
sem saber o que procuram.
Talvez, querem companhia!
talvez, querem a solidão!
Talvez, não!
Ou nunca iremos saber.

Eu rupturo fronteiras.
Aproximo daqueles que desejo.
Quero o sentir o hálito de diversos,
ler seus segredos e degredos.
Chegar ao desconhecido,
ultrapassar mares e continentes.
Um home do universo
que chora, sofre, ama, condena, sangra!
Vulcânico!
Totalmente paradoxal!
Humano!

Quero ler, somente!
Desfiguradamente, fantasmas entrelaçam a livraria.
Querem ser lidos.
Vieram até mim Jorge Luis Borges e Neruda.
Alef, porto.
Alef, porto.
Odes, odes, odes.
Saramago, Drummond e Virgínia Woof.
Lilith/Caim/Jesus/morte
amor/pedras/infância
suicídio/súicídio/gêneros

Arrebenta,alma minha!
sangra, sangra!
Não consigo controlar-me.
Tremo, suo.
Agora é Balzac, Dante, Freud, Marx, Homero
em um novelo sem fim, sem pontas
Carrol, Nietszche, Hegel, o florentino Maquiavel, etc, etc, etc
um emaranhado de confusões,de vozes, de rostos, de cérebros,
de palavras, de textos, escritas, letras, páginas...
Flutuo em um bailado desconexo de letras
absintas e opiárias baudelairianas
em um réquiem incessante.
Espectros, almas, me soltem.
Quero a liberdade sartreana!
Preciso exorcizar-me
Preciso encontrar-me
nos altares das letras
no olimpo dos imortais
no pó,
nos nós,
nas divisas,
nas linhas,
na carne,
na vida,
na morte
(...)
Volto a ler Walt Wiltman!
Meus devaneios...


terça-feira, 24 de novembro de 2009

TULIPAS VERMELHAS VISITAM MEUS SONHOS

TULIPAS VERMELHAS VISITAM MEUS SONHOS

Acordei. Amanheceu e amanheci. É uma obrigação do Sistema. Pode ser que meu dia será como o dia anterior. Devaneios de um homem inserido no capitalismo e engolido pela cidade de pedra, em que há corações de pedra. Antes de ver os clarões do dia, apareceu uma moldura expressiva , como surgisse dos escombros inimagináveis e invioláveis, o encontro com minha avó, uma imagem linda, estávamos cercados por tulipas vermelhas, lindas, porém enormes. Como fiquei feliz ao vê-la e saber que compartilhava de uma alegria, não sabia qual, e envolvidos por flores que ela ama.
Contudo, o dia persiste em continuar e o tempo com seus pêndulos navalhados e as Moiras rindo do meu estúpido momento de elegia. Querem consumir-me, com suas tramas e destinos. Senhoras fiandeiras que conhecem cronologicamente os mortais, riem, desgraçadamente, riem.
Automaticamente, como somos seres programados para morrer, nada mais! Peguei o controle da tela mágica à minha frente, com suas imagens surreias, apertei o botão. Hoje apertamos botões, simplesmente botões e estamos envoltos de poderes virtuais, poderes dos deuses. Criamos botões para aproximar dos deuses. Como necessitamos ser onipresentes, onipotentes. Conseguimos. A Caixa de Pandora contemporânea(os meios de comunicação), principalmente a Internet, nela não há a esperança. O que restou ao Homem foi sua capacidade de humanização, de discernimento, de coexistência, de tolerância, de compartilhamento, no entanto, não encontramos ainda a salvação.Não foi encontrado in hominis pacem aos homens.
Ao ouvir os noticiários, depois de um sono REM, em saber que este sonho guardou meu sono, veio ao meu encontro imagens e vozes que diziam: ”Pais preocupados, professores assustados”, continuei na minha posição querendo acordar para o mundo e querendo fugir do mundo. As visões mostradas eram de crianças de 12, 13 e 14 anos violentando freneticamente, um vandalismo descontrolado, salas de aula. Não eram jovens de 17, 18, 19 e 20 anos, eram crianças.
Deixe-me compreender a situação, crianças em escolas públicas descontroladamente destroem patrimônio. Imagens que impressionam, carteiras e a mesa do professor sendo destruídas, tudo isso uma catarse, pedidos de socorro, puramente para descarregar palavras de desespero , desafeto e terminais, como: “enxerguem-me”, “eu existo”, “preciso de amor”, “preciso de autoestima”, “preciso de heteroestima”, “preciso de abraços”, preciso de orientação”, preciso de apoio”, preciso do seu tempo”, “ preciso de um norte”, preciso de limites”, “preciso de conforto”, “preciso de que acreditem em mim”.
Pais, por que ter filhos? Um ser humano a mais neste planeta que está em erupção há anos. Para tê-los é uma eterna participação. É um eterno educar. São vários fatores que levam a essa desordem na cabeça destes garotos.
Formação. Fala-se tanto. Discute-se tanto. Livros e livros que educadores, psicólogos lançam à mancheia. Em quem acreditar? Em quem confiar? Pais preocupados. Será? Quem eles querem formar? Quem eles querem para enfrentar este mundo? Que bicho eles pretendem formar? Que ser eles pretendem educar? Que ser eles pretendem ensinar a amar? Eles , os pais, sabem amar? Sabem ser humanos?Sabem dar limites aos seus filhos? Sabem que o mundo que os filhos estão inseridos é pernicioso, em que tudo se tornou banal? Sabem que a educação(amor, amor, amor e amor) é a salvação do Homem e dos seus filhos? Entretanto, nos livre dos pedagogismos e psicologismos oferecidos gratuitamente a pais acomodados e desorientados e permissivos. Contraditórios em seus ensinamentos, pregações e poder fracassado de figuras de pai e mãe. Um exemplo interessante, os pais vão à igreja aos domingos, levam seus filhos. Momento de comunhão. Estar com Deus. Redimir dos pecados cometidos ao longo da semana. Erguem suas mãos e suas cabeças aos céus e oram, rezam. Ao término do culto, saem limpos, aliviados. Entram no carro com seus filhos e na primeira parada diante do semáfaro vermelho, não para, o ultrapassa ou discute com o colega de trânsito e em dedo riste, se direciona ao outro(carro ou moto, ciclista ou pedestre). Quais os exemplos que os filhos estão tendo? Com tudo isso, tem o paradoxo, saída de um culto religioso, em que as pregações os levam ao sobrenatural e cometem posteriormente atos obscenos(o dedo e a fala).
Percebemos as freqüentes e constantes confusões que os pais transmitem a seus filhos. Ao se sentirem acuados pela grande e eterna responsabilidade que é educar, a relação pais/filhos e filhos/pais, começam a direcionar responsabilidades e obrigações às escolas.
Pais, acordem para a desgraça causada pelos senhores. Vários fatores certamente influem na educação, mas o alicerce e o berço são construídos unicamente pelos pais. E isso nada deve intervir e influenciar, as mãos e vozes devem ser o comando para uma educação pautada no amor. Não confundam amor de pai, amor de mãe com amizade de pai e amizade de mãe. Primeiramente, devem ser pais. Logo, mas bem distante, amigos. Os filhos devem encontrar referenciais. Referências de um pai e de uma mãe. Nada mais. Eles estão em construção, redefinem conceitos, quebram outros e nesse momento as figuras essenciais não são os amigos e sim os pais.
Os pais confundem e permitem tudo, simplesmente para distanciarem da simbólica arte em ser pai e em ser mãe.
Os jovens nascidos na década de 90 do século passado, filhos de pais nascidos na década de 70, participam de uma geração tecnológica, da quarta revolução industrial. Nasceram em um país redomocratizado , mundo globalizado/capitalista/consumista/individualista.
Quais direções que daremos aos filhos paridos dentro deste status quo? Vários paradigmas foram edificados e outros tantos desmoronados. Ideias foram reconstruídas, porém os filhos foram deixados de lado, jogados sem amparos às tocas de lobos famintos, sem conhecer os limites. Os males foram estigmatizados, a banalização do homem bom passou a fazer parte da sociedade de consumo e do espetáculo. Tudo pode e tudo é permitido, mesmo que a agressão e a morte dominem o ser humano. O horror anunciado em uma rua qualquer. Exemplos de integridade, respeito, amor, ética, cidadania não são freqüentes no dia a dia da sociedade. Os próprios pais fazendo parte deste horror.
“Crescei e multiplicai”. Não façam isso. Simplesmente cresçam com humanidade, nada mais.
Os pais têm que criarem seus filhos para serem lançados à vida e para que isso aconteça é preciso que eles também tenham sido criados por pais equilibrados que sabiam transmitir amor, educação, limite, valores(sociais, pessoais, familiares, religiosos,etc), moral(sem hipocrisia),uma moral sem alienação, princípios(éticos, cidadãos). Para educar os filhos, eduquem, primeiramente, os pais.
Enquanto isso, tulipas vermelhas persistem florescer em meus sonhos.

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

TEM QUE SER ORIGINAL?

À busca pela originalidade.

Estou com receio em escrever. Será que estou infectado pelo vírus que vem assolando partes consideráveis e ditas ilustres da música, da literatura e ciência brasileiras?
Se buscarmos Aristóteles, quando ele se refere a Mimese, em sua suma Poética, entenderemos que vertical e horizontalmente em sua dialética nada condiz com as transformações pregadas e usadas nos textos atuais. O texto, evidentemente, como a história, se transforma, acompanhando as mudanças/paradigmas do homem. A tecitura, a textualidade, o textual, o contexto, o pré-texto, intertexto, nada mais são do que pretextos soberbos da linguagem/comunicação.
A Mimese aristotélica não representa uma mera imitatio por imitatio, tal qual Platão entendia. Para o discípulo de Platão, reproduzir o Real, tem que superar o Real, modificá-lo. Uma recriação. Daí o texto criado passa a ser original.
Fazemos uso descontroladamente das idéias alheias, de uma forma abusiva. Os argumentos alheios devem ser somente empréstimos. Nada mais do que empréstimos. Sempre nos remetemos, voltamos e desavergonhadamente chafurdamos nas tecituras dos escribas olimpos, que conseguiram sem “pirataria” criar textos limpos e transparentes, idéias-nascentes, idéias criadas sem a interferência sumária do outrem.
Herdamos idéias. Somos herdeiros de uma visão de mundo micro e macro deixada e conceituada dentro de um contexto vivido pelo homem. Se questionarmos à Socrates, começamos a entender que a solidez do pensamento se liquifaz, quando apropriamos do pensamento alheio sem pedir licença, sem critérios, sem moralidade, sem pensamento próprio. Diante disso, fazemos torpemente uma criação à Frankestein.
Com a chegada da era digital, o homo-cogito de antanho se encontrou em uma letargia pensante. A imitação, ditada pelo criador da Poética, se desvanece, entrou em decadência no apogeu da tecnologia. Passamos a invadir as linhas de pensamento, os códices nascentes de cérebros límpidos para criar textos manetas, com idéias deficientes e recheadas de lugares-comuns. As perguntas não são voltadas a se teremos um outro Nietszche, um outro Freud, um outro Darwin, um outro Heidegger, um outro Lévi-Strauss, um outro Beethowen, um outro Mozart, uma Frida Kahlo, uma Chavela Vargas, um Matisse, Um Van Gogh, um Renoir, um Kandinsky, um Chopin, um Bach, um Proust, um Machado de Assis, um Euclides da Cunha, um Habermas, um Santo Agostinho, um Lacan, um Deleuze, um Bodin, um James Joice, um Shakespeare, um Eric Hobsbawn, um Newton, um Pasteur, um Stephen Hawking, um Francis Crick, um James Watson, um Maurice Vilkins, um Albert Einstein um Galileu Galilei enfim, são vários que criaram, construíram pensamentos, conceitos, formas, harmonias, subjetividades, lógicas, métodos, estruturalismos, empirismos, fenomenologias, etc., afirmativamente, não teremos. Onde estão as mentes criadoras? Aquelas que podem fazer uso do pensamento alheio para criar o Real, criar o seu pensamento de acordo com o contexto em que vive?
Depois de Machado de Assis, em terras tropicais, em que o sabiá canta em folhas de palmeiras, o que aparecem na literatura? Sutilidades, Machado fez uso, também, da literatura européia, para criar seus personagens e situações ímpares. Ah, temos Graciliano Ramos, Cabral de Melo Neto. Somente? Paramos?
Comicidade, quando procuramos em terras tupinambás criadores e criaturas literárias. Onde estarão? Ah, achei outro, Guimarães Rosa. Com sua sagacidade de invenções, um Quixote mineiro, embrenhado nos sertões e entre buritis, com suas anotações em cima de um pangaré. Encontramos outro ou outros ou encontraremos?
A literatura hoje é politicamente correta. Há ousadias, somente. Contudo, não há uma literatura pura. Pode-se dizer genuína? Simplesmente, nada de novo. Nada original.
Estamos carentes de letras e vozes. A música brasileira, um emaranhado de sons, estridências, repetições e vulgaridades. Os cantores hoje buscam cancões, nenhum pouco saudosos, de outros cantores que deixaram suas marcas dentro da originalidade/criação. Quando o rádio ou a televisão é ligado a irritação é permanente, as composições que ditam a mesmice, os lugares-comuns, as vozes, caras e bocas das cantoras são parecidas. Há uma safra de cantoras, com suas vozes roucas-parecidas. Deixe eu buscar Adorno, para tentar entender a indústria cultural. Tragicamente, a música brasileira ainda não merece aplausos. Raríssimas as vozes limpas, transparentes. Não vejo criações. Somente à busca pelas letras de cantores que foram. Não criam, copiam e soltam suas vozes, acreditando que as ondas sonoras são pórticos dos nossos ouvidos e cérebros.
O “conclave” tedencioso quando se reúnem e premiam entidades da música e da literatura brasileiras, ao anunciarem os ganhadores, esperamos que uma safra nova virá, um engano! A repetitividade das vozes, composições e acordes nos deixam enfadonhos. Os textos que deveriam ultrapassar as gráficas, transcenderem, ficam presos em livrarias, somente!
Diante dos meus devaneios, poderia parar, colocar um ponto final neste texto, contudo o sangue que jorra internamente em mim, envolvendo e consumindo compulsivamente minhas artérias, bombeando as válvulas do meu coração e direcionando-se ao cérebro, diz que preciso continuar.
Lembrei-me de uma frase de extraordinária atriz do teatro, Esther Goes, intérprete louvada dos textos de Bertolt Brecht, que dizia: “Com que força as pessoas dão ao seu tempo?” , para expressar meu desalento e compaixão que esta nova geração está inserida. O que ela entende de cultura, como ela vive a cultura, como se envolve, aprecia, cria, desconstrói, reconstrói. Fico, às vezes, sem ação. Paradigmas têm que ser desfeitos, renovados, criados, porém eles passam por uma ruptura sem reflexão, sem sistematização.
Mundo fragmentado. Homens fragmentados. No amor e no sexo. Proporções assustadoras de seres viventes que estão desestruturados, sem caminhos, sem setas, sem direções. Perdidos neste paraíso palpável e real criado por ele.
Não mais sabemos amar, não mais sabemos aproximar do outro, não mais sabemos beijar, não mais sabemos abraçar, não mais sabemos olhar nos olhos, não mais sabemos tocar o outro, não mais sabemos sentir emoções, não mais sabemos nos sensibilizar, não mais sabemos acreditar, não mais sabemos confiar, não mais sabemos nos relacionar, não mais sabemos educar, não mais sabemos nos civilizar.
Ingenuamente, a nova geração, a da quarta revolução industrial, a tecnológica(nanotecnologia, robótica e quântica), acredita que o homem não precisa do homem, ontologicamente em desintegração. Tudo ao mesmo tempo. O homem deseja ser também onipresente. Virtualmente, ele é. Sempre está “online” em todos os cantos possíveis e impossíveis, dentro de uma rede de relações passageiras.
Ser fragmentado, seu tempo, o chamado “full time” é paradoxalmente incompleto, sempre incompleto, nunca satisfeito. Diante disso, seus conhecimentos são incompletos e fragmentados, sem rumo, sem organização de idéias. Não necessita refletir, induzir, deduzir. Conduz seu destino, dialeticamente, sem conhecer seu passado, sem questionar sua história, seu ser, seu mundo, seu planeta, seu ambiente. Fora de uma visão sistêmica.
Os pêndulos de um relógio acompanham o homem pós-moderno, mesmo em uma noite de lua cheia, mesmo em uma tarde de primavera onde há flores lilases de Walt Whitman, pois ele não percebe e não sente o frescor do vento tocando seu rosto, seu corpo, apreciando prazerosamente a vida, sem o rancor e o ronco do tempo pedindo sua desgraçada carne para produzir e consumir.
Mediante a isso, a nova geração liquefaz sua vida, em um simples manual de bolso, tudo se resolve. Com isso a cultura que ela devia estar inserida, passa incólume. Não sabem apreciar uma ópera, não lêem bons livros, não lêem nada, melhor!, não se deleitam com uma música que eleva a alma. Sabem que o filme tem que ser aquele que não os fazem pensar, letargia pensante! Artificialidades, nada mais! Tudo é momentâneo e instantâneo. A cultura tem que acompanhar esta instantaneadade. Porém qual o limite disso? Até que ponto a cultura tem que subjugar ao jogo da anticultura, ao jogo da educação decadente, ao jogo dos pais imparciais, ao jogo da educação sem qualidade, ao jogo de homens incompletos e fragmentados?
O resultado arrepiante deste modelo sendo criado à exaustão, confirma a não originalidade, os supérfluos textos e vozes que nascem nas terras tupiniquins. Mostra ainda que a criação, a originalidade, seres pensantes, transformadores de um mundo melhor estão distantes para criar um homem que se incomode com o sistema e com o planeta.



quinta-feira, 29 de outubro de 2009

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Napoleòn and UFOS


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tengo que reconocer que esto me gusta...


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«es menester que no se amen...»


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segunda-feira, 12 de outubro de 2009

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"EL escondite"


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Brewster Sept 029


Brewster Sept 029
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