domingo, 30 de agosto de 2009

sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Eu nos sinto imensos...

Uma felicidade toca, floresce ao longe,
Alastra em volta da minha solidão
E procura tecer para os meus sonhos
Um enfeite de ouro.
E ainda que
A minha pobre vida esteja gelada de madrugada
Inquieta e neve dolorosa,
A hora santa virá para ela,
Um dia, da sagrada Primavera... (RILKE)

quinta-feira, 27 de agosto de 2009

A Arte de Governar


As ideias do pensador florentino Nicolau Maquiavel nunca estiveram tão impregnadas nas ingerências políticas brasileiras, voltadas ao Senado-senil, principalmente retratando o grande Médici-Sarney, seus comparsas e sua família.
Pode até ser que seja uma comparação estapafúrdia, porém não consigo, diante de uma catarse, desfazer desta minha indignação e gargalhadas convulsivas. "Estou farto" do silêncio dos intelectuais, estou farto da acomodaçao do povo, estou farto da calmaria da plebe.
Será que Maquiavel estava certo? Será devaneio de minha mente conturbada? Será que a arte de governar é imperar a maldade, e com isso sendo a única possibilidade para salvar o tão discutido poder?
Maquiavel nos ensinou em O Príncipe e nos Discursos sobre a Primeira Década de Títo Lívio que fazer o mal é uma das modalidades de fazer-se política. Será que no Senado-senil brasileiro todos leram estas tão grandiloquentes obras? Ou a maldade voltada ao poder é inerente ao Homem?
Totalmente inovador e atual, o pensador soube muito bem dissecar o poder que emana nas entranhas políticas e daqueles que seguram o cetro do comando. Maquiavel expõe o desejo do povo e o desejo dos grandes e contrários a isso, a busca pela liberdade política.
Virtú e Fortuna, deusas apreciadas pelo florentino e vivas na condição humana e na vontade humana. Vivas no cenário político brasileiro.
Rimos do Conselho de Ética, no Senado-senil. Qual Ética? Quais representantes deste conselho? Quanto lamaçal nas práticas éticas. Quanta chafurdação.
Onde está a tão sonhada ética? Será a banalização da ética? Como um cidadão pode praticar a ética, se no meio político ela não está ou está ao avesso? Os donos do poder riem deles mesmos, eles riem dos seus malabarismos, para se safarem das tramoias, das roubalheiras, das evidências escusas, dos engodos, das ingerências, da falta de ética, do povo que é apolítico, do analfabeto político, da surdez e falta de visão reflexivas do povo. Simplesmente, riem. É o que cabe a eles.
Como disse um representante do poder em Brasília, lá no Congresso não há santos. Eles mesmos desacreditam no poder de sedução da ética. Eles desacreditam que o povo pode bradar. Eles desacreditam em uma nação que possa caminhar com preceitos éticos, com exemplos de humanidade.
A mentira está em pauta no congresso. Outra trapassa que ultrapassa a ética e o respeito à inteligência, a nossa inteligência.
A dissimulação é própria do Homem, desde Homero. A mentira faz parte da história humana. O poder político e seus seguidores fazem uso desta milenar habilidade que acompanha o Homem.
Cansativamente, todos os dias, os noticiários nos jogam as habilidades da candidata à presidência do país, Dilma Rousseff , mentir ou não mentir? Lembrem-se, há um adágio que diz, o bom mentiroso tem que ter boa memória. Será que ela irá entrar em contradição? Ou as evidências serão escamoteadas?
Enganar é fundamental para a condição humana. Segundo uma pesquisa feita pelo psicólogo Robert S. Feldman, da Universidade de Massachusetts, em 2002, o sexo feminino é mais hábil para mentir.
No mundo social, em que estão as instituições e nelas o Homem, o cenário é uma verdadeira(?) dissimulação. Um jogo darwiniano.
A pensadora Hannah Arendt dizia que o jogo da verdade nada pode fazer no meio político e o meio político é um jogo de interesses, conflitos e poder. Exclusivamente, poder. Ocultamento e dissimulaçao. Cenas estas descritas que são jogadas cotidianamente pela tela mágica chamada televisão.
Culpada ou não? Vai para o bando do réu? Todavia, o "banco" é uma nódoa, uma mancha de vergonhas, uma mancha de não credibilidade, uma mancha de não vai dar em nada, etc. Com quem está a verdade?
Novamente, as convergências políticas acabarão na verdade do poder, a única verdade que eles conhecem, contudo, dentro de uma falseabilidade. E nós, povo, ficamos, como sempre, nas divergências.
O cenário da hipocrisia, do ocultamento, da dissimulação, do engodo e do enganar mostra um palco que continuará com seus bufões, seus príncipes, seus Médicis. O poder é a pedra filosofal, é nele que os homens mostram as máscaras, suas verdadeiras máscaras. Artíficios naturais, próprios da raça humana.
"E agora, José/A festa acabou,/A luz apagou,/O povo sumiu,/A noite esfriou,/E agora, José?/José, para onde?" Drummond, dentro de uma subjetividade, retratou a crise poder/povo e toda crise há a possibilidade de mudanças. Quais? O povo aprendeu a mentir, o povo aprendeu a ocultar, o povo aprender a não ter ética. O povo desacreditou nele mesmo. E agora?

domingo, 23 de agosto de 2009

Flickr

This is a test post from flickr, a fancy photo sharing thing.

terça-feira, 18 de agosto de 2009

A vida é um sopro. É um minuto.


Chove lá fora. Uma constãncia de pingos ácidos, em uma cidade ácida. Aqui entre ângulos do meu quarto, assisto a um documentário sobre vida e obra de Oscar Niemayer. Interessante, pois são suas as colocações. O que me chamou atenção, não foram as curvas de sua arquitetura e nem sua simpatia pelo socialismo cubano e nem seus prazeres por mulheres, e nem pelo seu pessimismo intrínseco, e sim por uma colocação feita por ele, que dizia: "A vida é um sopro. É um minuto..."

A força destas frases valeu o documentário. Fiquei sem ação no momento. Só o cérebro funcionava, não seu qual parte, porém funcionava. Estático e extasiado fiquei. Belíssimos versos.

Diante disso, pus a escrever.

Acredito que não condiz com a máxima Carpe Diem, vai à frente.

Nascemos e morremos. Simples, sem métodos e pragmatismos para a naturalidade da vida e da morte.

Contudo, nascemos para lutar contra a morte. Adversativamente, o maior desafio do Homem é esse, em que a filosofia, a religião e a ciência buscam confrontar-se o tempo todo. Um embate de titãs. Quais as respostas encontradas? Divagações, somente.

Por que não queremos morrer? Por que invejar os deuses? Por que queremos a imortalidade?

Aprenderemos a morrer? Aprenderemos a viver?

Estamos preparados para morrer? E para viver?

" A vida é um minuto", belíssima metáfora, porém , sabemos disso?

Em Fédon, Platão/Sócrates nos preparam para a morte. Ainda é pouco. Não nos convence. São somente mantos para apaziguar o peso da foice simbólica da morte.

Morte e Vida insconstãncias eternas.

Sarcático até, nascermos para lutar contra a morte. O primeiro sopro é pedindo vida, é implorando pelo ar, é estranhamento nascer diante do novo espaço.

Daí para frente, é uma luta incessante para viver.

O preparar para a vida é o cuidar do corpo, primeiramente. A máxima Men Sana, Corpore Sanun é exaustivamente, na pós-modernidade, praticada. Erroneamente, mas praticada. Faz-se de tudo para alcançar a longevidade. A dita terceira Revolução Industrial colaborou intensamente, para que o Homem encontre a perfeição, a simetria corporal, os elixires dos deuses para conservar sua carne e em consequência adiar a morte, pois como todos os mortais sabem, ela é inevitável, seu beijo é certeiro.

Como o Homem adia a morte?

Quantos profetizaram sobre a morte, quantos morreram pela morte, quantos destruíram pela morte. Todos lutando contra todos, em busca do sopro de vida, do minuto de vida. Todavia lutam dialeticamente errados.

Se a vida é um sopro, é um minuto, por que erramos o tempo todo?

Se lutamos contra a morte, por que matamos?

Se buscamos a longevidade, por que não nos enxergamos?

Se viver é tão intenso e prazeroso, por que não desfrutar de pulsações humanas?

Se viver é a nossa máxima, por que não nos encontramos?

Se sabemos das nossas limitações, por que não nos amarmos?

Se a vida é uma bolha, por que não sabemos flutuar com ela e sermos leves?

Ou não sabemos disso?

Ou tudo que escrevi continua sendo divagações?

A filosofia, a religião e a ciência insistirão e novos profetas, novas vacinas, novos pensadores, novos evangélios, novos comprimidos, novas capsulas, novos céus, novos infernos surgirão para explicar os mistérios da vida e da morte.

E a mim, o que me cabe? O silêncio apenas e lutar contra a morte.


segunda-feira, 17 de agosto de 2009

À deriva...

E na entrada dos céus...

Pergunto-lhe:Revela-me o meu nome

O signo que como teia,foi tecido para dar significado a minha existência.
Sem dúvida, tu dizes 'Masnavi, entre'.
E cada pedaço do meu vazio, aguarda teu líquido, desaguando em amor.
Assim segue a poesia.

"Dãnae,
como revelação, encontrei o céu
e toquei os dedos de Deus
transformando-me em líquido-alma
derramando-me pelos vazios de nossas angústias

Dãnae,Suplico-te
Não separa-te de Zeus
Tu, que me fizeste imortal
Consagrou-me no silêncio de nossos altares-corpos
a chama viva da existência
a paz e a dormência da quase morte

Em outro lugar.
Longe das dimensões do expressivo
Sobrevoamos nosso imenso mar
e repousamos nossas cabeças na grama
De olhos fechados, Dãnae
Pude sentir que estavas ali
E somente ali era o meu lugar." MASNAVI

domingo, 16 de agosto de 2009

CONSIDERAÇÕES SOBRE O AMOR E SEXO


O ser humano é condenado expressamente a carregar pela vida o relacionamento entre Eu e Outro. Neste contato, duas variantes, o Amor e o Sexo. Constantemente, se vai falar, discutir, fazer, sentir sobre o assunto. Buscará várias possibilidades de conceitos, julgamentos, envolvimentos, conflitos ao estar em contato com o seu self , com sua alteridade, com sues arquétipos, com suas dialéticas e pragmatismos. A ciência tentando encontrar explicações que não caiam em um reducionismo que implique deduções e induções. O cérebro, um buraco negro ou buracos negros, contudo, sendo explorado à exaustão, com suas sinapses e neurotransmissores , com seu lobo direito e esquerdo, conduzindo a respostas interessantes e pertinentes ao falar de amor e sexo.
Antes, muito antes, muito mesmo, o Homem buscava explicações sobre o Amor e Sexo, através dos deuses, desde a Teogonia, desde Hesíodo e Homero, desde as belíssimas histórias de amor e sexo, desde Salomão(Cântico dos Cânticos), desde os pósteres de Sócrates. Na entrada da Idade Média, a igreja começou a direcionar o Amor e Sexo aos seguidores de uma fé, aos seguidores que buscam a felicidade plena, no Além, muito além. Seu poder de persuasão, seu monopólio do poder, a coersão da força(clero e nobreza), um vínculo assustador que moldaram a organização e mentes de uma sociedade.
Entrada da Idade Moderna, o Homem queria se desvincular do Além, o Estado impondo sua extraordinária força, a Política construída e formada pela sociedade, contribuiu afincamente com os cérebros humanos, segundo relatos de Maquiavel . O Homem passou a ser o centro das atenções, porém os grilhões do medo do seu corpo, dos seus sentimentos estavam e estarão atrelados a ele como pregados à pele, eternamente. Ele não será o mesmo, impérios serão construídos, impérios serão destruídos, formas de governo mudarão constantemente, guerras surgirão, milhares morrerão, milhares nascerão, todavia, o Amor e o Sexo serão partes íntimas de seu Ser e continuarão a instigar o Homem, a desafiá-lo, a procurar conceitos, a definir métodos, construir e desconstruir verdades, a fazê-lo a encontrar a fórmula mágica para cada um. Tudo em vão, entrarão novas Idades e ele na sua mesmice e obstinação. Um cavaleiro a destruir moinhos.
Desde o nascimento do Homem, sua sina é o Amor e o Sexo, é a sua busca pela verdade. É sua busca pela explicação de sua existência. É sua busca para explicar atos e ações.
Diante disso, o Homem se torna humano. A mágica é essa, nunca encontrar as respostas para o Amor e para o Sexo. Muito já foi dito, escrito, teses e teses, livros e livros, pensadores magníficos, cientistas extraordinários contribuíram, mas não ficaram satisfeitos, não estamos satisfeitos.
Mediante a isso, nascem o Super-Homem e a Vontade de Potência. Nascem a Psicanálise e a teoria do Inconsciente. Nascem o Materialismo Dialético. Nasce o Inconsciente Coletivo. Nascem as terorias Fenomenológicas. Nascem as teorias evolucionistas e a Seleção natural. Nascem as teorias Estruturalistas. Nasce a Arqueologia do Conhecimento.. Nascem as teorias da Desconstrução. Nascem os conceitos do Inconsciente estruturado com a Linguagem. Nascem teorias da Engenharia Genética. Nasce a Biotecnologia. Nasce o conceito de Amor Líquido.
Tudo para explicar o Homem, tudo envolvido com o Amor e Sexo. Impregnados. Às vezes conseguem ser uno, vestem a mesma roupagem e a mesma linguagem, um corpo só.
Ah, o Amor e Sexo, insistiremos eternamente para aproximar de conceitos convincentes e verdades absolutas para compreender o Homem.
O que nascerá para tentar entender estas pulsões e pulsações do Homem?
O Homem diante dos mistérios dele mesmo.

sábado, 15 de agosto de 2009

Transcendência e Imanência


É assim o tempo,
Céu cinza, olhares absortos
buzinas
braços e pernas concretos
verticalmente debruçam sobre a cidade.

O vento levemente me encosta.
Os cabelos grisalhos tentam acompanhar o movimento
geométrico de teus braços.

Num frenesi, fico por segundos inerte.
Vida e morte se fundem e confundem.
Segundos, ah, tempo...
por que me consomes, me agrides?
Condutor das mesmices.

Meus olhos veem um oceano
um cais.
Todos partindo
Todos fincando
e eu comendo formigas.
Deliciosamente saborosas.
A vida é um nada.
Alguém, devemente me toca.
Coitado!
mais um no tempo.
Apressa-te!
Apressadamente a morte o come.

O tempo é traidor e rio dele.
Desgraçadamente, rio.
Olho infinitamente as ruas.
Não sei se fico na minha insignificância de ser
ou começo a caminhar entre muitos.

Ouço ecos saindo de dentro de cada um que passa por mim.
Dizendo; Socorro!...
Desesperado, estou!
Maldito sou!
Por que existo?
Quem eu sou?
Carne podre é essa que carrego sobre mim?
Confuso!
Roubei!
Matei!
Quero morrer!
Comunguei!
Pedi a Deus!
Estuprei!
Aceitei!
(...)

Vozes, vozes, vozes...
Estou sem direção.
Por quê? Por quê?
Humanamente sou!
Companheiro da morte!
Ela me espreita a todo momento.
O tempo colabora com minha destruição.

Passos acelerados...
Fugindo de mim.
Estou impregnado de mim.
Fico imóvel novamente.
Colericamente, me rasgo.
Estou sem pele.
Sinto formigas subindo sobre o meu corpo.
E elas, antropofagicamente,
num bailado
alimentando em êxtase.
Alimentem minha alma,
seres alados e eternos!

Minha carne exposta.
Minha vida exposta.
Ninguém me vê.
Todos passam por mim
como se eu não existisse.
Quero gritar, mas não consigo.
Ouço-me cavernosamente.

Dói!
A vida dói!
Ardem-me as chamas do sol.
Quero atravessar a rua.
Ultrapassá-la.
Chegar até mim.
Alguns passos, somente.

Dantescamente destruo os invasores que comem minha carne.
Estúpido tempo!
És a felicidade dos malditos!

Sinto o vento, abruptamente levar o pó, as formigas, meu corpo, minha alma.
Singularmente a vida .
Atravesso a rua...
Vou conseguir chegar ao outro lado?
Corre! Corre!
Alguém do outro lado grita.
Você consegue, corre, corre, corre!

O tempo não parou.

Dó pó retornarás!

sexta-feira, 14 de agosto de 2009

Eu-Morte


Dialeticamente a vida vai...
Dialeticamente a morte chega.
Quando morrer
não quero nenhum anjo anunciar
com suas trombetas o meu fim.

Chorarei minha morte
com- pul- si- va- men- te
exatos quinze minutos.
Despedirei de mim
com remorsos, dores, saudades, lembranças e
arrependimentos.

Como não queria ter arrependimentos.

Estou sendo velado.
Violado.
Meu corpo ereto, minha alma ereta.
Intactos como um mármare na embriaguês da madrugada fúnebre.
Fico à espreita.
Observo todos.
Amigos, parentes, incrédulos,
pais e curiosos.

Um silêncio aconteceu.
Lá fora, há árvores,
corpos em putrefação, almas inquietas, almas ensimesmadas e
almas serenas.

O céu já não é o mesmo.
O dia virá e com ele a infinita distância do amanhecer.
Vermes pantagruelicamente
devorando a não vida.
Volto à sala fúnebre.
Velas, flores...
O cheiro da morte.
Choros incontidos.
Olhares absortos,
Olhares oblíquos,
Olhares de alívio,
Olhares para o vazio
na escuridão
no claustro da alma,
direcionado ao meu insignificante corpo indefeso.

Chegou alguém
de- ses- pe- ra- do.
Como se tivesse sabendo
da minha morte naquele instante.
Urros, lágrimas
des- con- tro- la- dos.
Agarrou-me como se eu sentisse.
Como querendo dizer:
Levante, Lázaro!
Quanta pretensão deste patético humano.
Quem é?
Não consigo identificar.
Choro...
Incrivelmente, choro a minha morte.
Uma alma chora.

Minha mãe. Ao meu lado, carne da mesma carne.
Suas mãos trêmulas
suavemente em meu rosto,
como se me ninasse.
Grito e ninguém me ouve.
Mãe, mãe, mãe ...
quero dizer tantas coisas...
Estou perdendo as forças, não consigo mais gritar e ela não me ouvir.
Volto à infância... Cuidado, meu filho, você vai se machucar...
Ah, como dói, dói, dói, dói, estou chorando, choro muito para o total vazio.
Suas lágrimas caem
pelo meu corpo enlutado.

Um aglomerado de pessoas
velando meu corpo.
Sinto dores, não sei como, mas dói!
Por tudo e por todos.
Ouço um os cantares fúnebres.
Não queria ter morrido!

Onde está meu pai?
Ah, meu pai...
Não consigo chorar.

Rio e choro muito.
Aproveitei, vivi, desisti, arrependi, chorei, sorri, amei, desamei, conquistei
...................................................................................................................................
É a despedida.
Todos querendo-me tocar.
Toquem, sintam
que esta carne é real.
Sou irreal aos olhos do mundo.
Percebam meu fim.
Realidade e realizado.
Ad infinitu!
Ad aeternu!
Fechou o caixão.
Gritos e desesperos.
Um coro mórbido na sala.
A extrema unção.
Começou a marcha fúnebre.
Segue-se até o buraco vazio e lúgubre.
Len- ta- men- te, segue!
Os coveiros,
os corvos
à prontidão.
Direções, caminhos, veredas, curvas...
Conduzindo-me ao eterno.
Vejo vários túmulos, cruzes, ângulos, formas, rostos em molduras desfigurados.
O céu às dez horas!
Ergo a minha alma ao céu...
Nuvens mancheanas.
Nuvens dalianas.

Morte, sua face não é como todos dizem.
É sobria e suave.
Thanatus, salve-me!
Seus braços eternos.
Seu cavalo imponente.
Seu ar, seu hálito...
Seduzem-me!
Aos poucos, sua voz me embriagou.
Seu corpo, seu carisma.
Caí na sua sedução.
E aqui estou!

Desceu meu corpo.
Sin- to- ma- ti- ca- men- te
.................................................
Estou agora só!
A morte já me deixou.
Clamo por ela e nada.
Cobrem-me de terra,
terra, terra, terra, terra, terra.
Con- cre- ta- men- te fui.
Já não existo mais.
Sou agora...
O que sou?
E eles, os que ficaram?
Lembraças, somente!
Vagas lembranças.
Depois? O esquecimento.
Depois?
o espaço, a elipse da minha existência!
Um total vazio!
Somente.

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Um visionário chamado Karl Marx, ao buscar um poeta romano Públio Terêncio, dizia que as atitudes e ações humanas já não eram novidades e estranhas a ele. Diante do Homem do século 21, fico às vezes, sem ação, sem movimento,porém não posso permitir que isso aconteça. As atitudes e ações mostradas, escancaradas para que todos vejam, ah maravilhas do mundo visual e tecnológico, tudo a todo momento, com pitadas de um tempero que as minhas glândulas palatais não conseguem descobrir, contudo, as desgraças e horrores anunciados são os mesmos, sempre os mesmos, só mudam os personagens humanos e os espaços e tempos cronológicos e psicológicos. Enfim, a mesmice do Homo Sapiens Sapiens.
O planeta Terra pede socorro? Nós pedimos socorro? A quem? Nada de elevar as cabeças aos céus, podemos contrair um torcicolo fenomenal.
Quem virá ao nosso socorro, perante ao horror não mais anunciado, entretanto palpável.
Não que eu seja pessimista ou apocalíptico. Não comungo destas ideias.
Ainda há pulsação e humanos neste planeta. Ainda há vida, sorrisos, sonhos, rosas, ipês, orquídeas, arco-íris, lua cheia, noite estrelada, abraços, toques, amor. Como não amar o ser humano?
Percebem? Ainda o planeta tem salvação.
Mortes anunciadas, desastres anunciados, bombas anunciadas, corrupções anunciadas, nepotismos anunciados, desastres ambientais anunciados, trânsitos congestionados anunciados, catrástofes anunciadas. Neste tempo que escrevo vários anúncios rondam o mundo com suas desgraças.
O verso do planeta: sorrisos não são anunciados, prazeres gratuitos não são anunciados, abraços não são anunciados, noites estreladas e luas cheias não são anunciados, o pai que volta para casa não é anunciado, o pai que beija seu filho não é anuciado, as flores que nascem no asfalto não são anunciados, a lambida de um cachorro não é anunciada, o cantar de um pássaro na ombreira de nossa janela não é anunciado. Ah, como quereria colocar tudo, mas o tudo é infinito diante do ser humano.
Por que é mais fácil e cômodo e prazeroso ouvir, falar e sentir os horrores da foice da morte?
Ao ler Hobbes, Nietzsche, Bergson, Zigmunt Bauman, Sartre, Hannah Arendt, Caio Prado Júnior, Sérgio Buarque de Holanda, Bobbio, Gramsci, Karl Jaspers dentre outros, confirmo o que digo. Assusta-me, mas há luzes por todos os lados, e naturais, sem artificialismos.
O senso comum é pernicioso, embora útil.
O que eu, você estamos fazendo para reconstruir o Homem? Para reconstruir o Planeta Terra?
Não preciso divulgar o que eu faço, mesmo não conhecendo minha consciência, dizem que ela existe, todavia, realizo atitudes e ações de melhoria para meu eu-interior e para o Outro.
Sem pieguismos, precisamos um do outro para compartilharmos da mesma mesa, o mesmo pão e o mesmo vinho, somente simbólico, sem valores morais judaico-cristãos.
Até a próxima.

O Outro sou Eu?


Na penumbra do Ser
-em si
-para si
O Homem encontra a
Alteridade.

A outra metade
A outra face
A outra parte
Procuradas.

Pedaço de mim, no Outro
Face de mim, escondida
Parte de mim, em algum lugar.

Necessito. Preciso.
Sou pela metade.
Incompleto.
meia vida.
Meia percepção.
Meia disposição.
Meio caminho.
Meio projeto.
Meio meio.

Metade, sofrida.
Metade, dor
Metade, felicidade.
Metade, transcendência.
Metade, transparência.
Metade, luta.
Metade, verdade.
Metade, vontade de potência.
Metade, morrer.

Procuro...
entre ruas, guetos, ângulos, frestas, vazios, vitrais,
campos, desertos, construções, espaços siderais, buracos negros...

Luzes.

Onde está você metade sem mim?

O tempo é metade.
Recortado, dividido.
Preciso!
Seu pêndulo corta a alma.

Vou de encontro ao vazio.
Quero buscar-me.
Desejar-me
Possuir-me.

O Homem é completo no Outro?

A outra metade de si
de mim.
Encontrá-la
é chegar ao topo e descê-lo eternamente.
Insatisfações...

Encontrá-la
e uma luta contrária aos deuses.
Uma constância.
Uma redundância.
Uma mesmice patética do ser humano.

Juntar as duas partes
Quais?
O outro no Outro?
Eu/outro
Eu/self
Eu/Alter
Eu/Eu
Tudo mera contingência
Tudo mera necessidade

Desejá-la?
Poucos.
Compreendê-la?
Impossível.
Explicá-la?
Nem os deuses.
Tê-la?
É fazer-se um-universo.
Uni-las, uma parte na outra
faz nascer o Amor.

terça-feira, 11 de agosto de 2009

Minhas considerações (im)pertinentes


Hoje à tarde, em uma situação de inverno na cidade de Sampa, com amigos, falávamos e ríamos, parecíamos seres desprovidos de seriedade e preocupações capitalistas. Discorríamos quanto à nossa orientação sexual. Ser homossexual, hétero ou bissexual. Começamos o assunto falando de nós, das nossas orientações e posteriormente vimos que o assunto se estendia além do nosso controle, das nossas vontades, pois queríamos chegar em um consenso imediato, porém o assunto era mais que assunto simples e corriqueiro. Exigia de nós mais do que meras colocações. Dizia que estava muito além do arco-íris. Eram considerações biológicas, culturais, antropológicas, enfim tendências explicativas existiam. Queríamos mais, buscavámos a filosofia, a psicanálise, a epistemologia, distanciamos somente da metafísica.

Colocamos porque a juventade hoje encontra uma maior facilidade, ou melhor, uma coragem maior para dizer de sua orientação, seja ela qual for. As várias possibilidades de descobertas de prazer.

Por que a bissexualidade está tão em pauta, nas discussões e na aplicabilidade.

Dá para escrever um artigo a respeito do assunto.