sábado, 16 de janeiro de 2010

A dor que eu sinto.


A dor que eu sinto

ninguém mais sente.

A dor do amor,

a dor da perda,

a dor da angústia,

a dor da morte,

a dor da saudade,

a dor da bílis negra

ah, melancolia.

A dor da solidão,

a dor da traição,

a dor da alegria,

a dor do sexo,

a dor do gozo,

a dor da paixão,

a dor da verdade,

a dor da mentira,

a dor da procura,

a dor do esquecimento,

a dor da decepção,

a dor de não ser,

a dor da espera,

a dor da tristeza

quando os olhos caem.

A dor da derrota,

a dor do conhecimento,

a dor da ignorância,

a dor do nascimento,

a dor da náusea,

a dor da miséria,

a dor do Absurdo,

a dor niilista,

a dor da depressão,

a dor da liberdade,

a dor da fome,

a dor da sede,

a dor do começo,

a dor do final,

a dor da conquista,

a dor existencial

a dor sem razão

a dor da razão,

a dor da emoção,

a dor da vitória,

a dor da paz,

a dor do toque,

a dor de não ser amado,

a dor de viver,

a dor de morrer,

a dor de não sei o quê.

A dor do nada,

a dor da dor.

Única!

Somente, sinto!

Penetrável, invasiva

atemporal.

Não me venham com explicações.

Não me venham com bálsamos.

Não me venham com divindades.

Não me venham com placebos.

Deixem-me doer.

Dor profunda

Dor intensa

Dor êxtase.

Dor sangrada.

Dor mortal

Dor sem lágrimas.

Dor da alma.

Dor como se rasgasse o corpo.

Cavernosa.

Dor profana.

Dor sacra.

Quero cheirá-la.

Comer da sua carne.

Beber da sua lágrima bilial.

Senti-la.

Posso?

Deixem-me!

Gritos surgiram, talvez

opacos, vazios, silenciosos ou emudecidos.


A dor que eu sinto?

é humana e minha.



quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

Dois corpos, nada mais!


Dois corpos
enlaçados,
entrecortados
envolvidos...

Dois corpos que se cruzam
se integram
se completam
num êxtase de dor,
de gritos,
de sussurros,
de respirações
de líquidos,
de suores...

Dois corpos
dois olhares
quatro mãos
quatro pés
duas cabeças
duas bocas
40 dedos
duas línguas
quatro coxas
quatro braços
dois narizes
quatro ouvidos
sinestesicamete preparados para o coito
quantidades de prazeres
infinitos prazeres.

Dois corpos
duas almas
dois espíritos
duas metades
incompletas
que se completam

Dois corpos
dermes e epidermes.
Poros, poros, poros que se abrem, exaustivamente!
Pelos, pelos, pelos
em um campo coberto de gramíneas, todos eriçados
e atiçados.

Dois corpos
dois cérebros
medo, dor, emoção, transe
duas amígdalas
poeticamente, param!
por segundos
parte e todo
desativados.
Sublimação.

Dois corpos
um pênis
uma vagina
ou
dois pênis
duas vaginas
ah, sublime trepação.
ah, sublime transa
ah, sublime amor
ah, sublime momento
ah, sublime entrega
ah, sublimes órgãos
ah, sublime contato
ah, sublime erupção
ah, sublime dor
ah, sublime respiração
ah, subliem transe
ah, sublime entrelaçar
ah, sublime líquido
ah, sublime línguas
costuradas entre salivas
ah, sublimes corpos
ah, olhares
ah, cheiros de sexo
e nada mais.

Dois corpos
pelos do corpo eretos
pau ereto
clitóris ereto
paus eretos
os clitóris eretos
encontros e desencontros
até o ato final
o ato falho
até onde Freud não pôde ir
até onde Lacan não pôde ir
não há explicações
somente tesão


Dois corpos
em evidências
em contrastes
em desarmonias
hormônios
estrogêneo e testosterona
ah, salve os guardiões dos prazeres!
orgarsmos, orgasmos
Afinal, o que querem as mulheres?
Afinal, o que querem os homens?
Ah, o cérebro...
o olimpo dos prazeres!

Estímulos, estímulos!
Homens XY
Mulheres XX
Cromossomicamente, a vida caminha para o ato sexual
Assim, homens e mulheres para o prazer de um gozo.
Momento infinito.
Qual o meu gene e qual o seu?
XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX
YYYYYYYYYYYYYYYYYYYYYYYYYYYYYYYYYYYYYYYYYYYYYYYYY
XYXYXYXYXYXYXYXYXYXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX
Somos homens, somos mulheres, somos entrega
Somos um.

Dois corpos
que se cheiram
se envolvem nus
se contorcem
se desintegram
Corações acelerados
sem fôlegos
respirações que se comungam


Dois corpos
duas vozes
deliberadamente, dizem palavras...
sexualmente, palavras sussurradas
suadas
nucas,
orelhas,
virilhas,
lábios grossos
lábios rosados
molhados
pele, ah, pele!
corpo junto ao corpo
pele a pele
nada mais!
Despidos para o gozo infinito

Dois corpos
antes da penetração
todos os artifícios
do sexo
do nexo
do amplexo
do desconexo
do côncavo e
do convexo.
Descobrindo os picos dos corpos
os seios
os bicos dos seios
as vulvas
os dedos
as línguas
as nucas
os cabelos
as orelhas
os pés
os ânus
os paus
as vaginas
as costas
os cheiros
malabismos do sexo

Dois corpos
buracos molhados
lubrificados...

Dois corpos
entrega única
respirações e suores
à espera do pau
à espera dos dedos
A vagina aberta sem medos,
o pau ereto, veias saltitantes
direcionado ao buraco
para o gozo eterno
o gozo infinito
gemer, gemer, gemer
de tanto prazer.

Agora, dois corpos
ligados
enlaçados
por um caminho
frente e verso
verso e frente
musculaturas
em movimento.
corpos elasticamente
se desdobram
se completam
sobe, desce, desce, sobe
sobe, desce, desce, sobe
........................
Parada, por segundos
Ah, labirintos do prazer
excitações
tesões
gritos
gritos, sinais do sexo
palavras do sexo
ai, ai, ai, uh, uh, uh, ai, ahhh, ahhh, ahhh,
não tem como descrever as palavras , neologismos e onomatopeias
do sexo, do prazer
uhhhhhhhhhhhhhhuhhhhhhhhhhhhhhhhhuhhhhhhhhhhhhhhhh
corpos suados
corpos molhados
corpos lublificados

Chegou o momento...
indescrítivel.
Vulcões em erupções
nada mais!

Dois corpos
agora, incompletos
envolvidos na trama da vida
para posteriores descobertas
Homem-homem
Homem-mulher
Mulher-mulher
prazeres, nada mais!