sexta-feira, 4 de setembro de 2009

Spleen


Estou fechado.

Entre paredes o mundo é angular.

Estou confinado nas diagonais.

Sinto-me sufocado.

Preciso de aberturas.


Abro a janela

E me ponho a janelar...

Vejo a mesmice que fere e mata.

Respiro gases que putrefam a cidade,

a minha pele, o meu corpo e a minha alma.

Ouço uma Babel, vozes distoantes,

longínquas e similares.

Alguém me chama?

Ou estou a chamar-me?


Meu espaço aqui é retangular e vertical

Ou mera ilusão de óptica?

Sobreposto estou.

Subexposto fico.

Da abertura da minha janela

Vejo carros, ouço buzinas, pessoas que correm

contra a finitude do tempo, do seu tempo.


Um desespero invadiu meu ser.

Não encontro alívio para minha alma.

Respiro o cheiro da morte.


Ao longe, um pássaro, vários?

Ou será uma percepção alucinógena?

Spleen, spleen, spleen, splenn, esplen ...

Absintamente o que vejo?

Não! São seres alados com suas asas e garras afiadas

pairando num bailado fúnebre, em um céu púmbleo

esperando a morte cair, a minha morte.


Não consigo fechar a janela.

Não disponho de forças como antes.

Clamo por ajuda.

Grito. Todos os sinos num cântico fúnebre.

Todos os anjos num só coro.


O medo me cobriu.

Meus olhos se direcionam a um ponto fixo

e não consigo decifrar a mensagem no pórtico

Não vejo esperanças

O barqueiro Caronte docemente com sua sina

Tento fechar novamente a janela...


Fechar-me!


Vou pular. Será minha via-crucis, o pulo?

Estou neste la´birinto retangular, triangular, oval, não sei. Spleen!

Quantos caminhos? Só há a janela como salvação.

Clamo por ajuda. Súplicas, nada mais.


A janela está totalmente aberta...

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