quinta-feira, 29 de julho de 2010

Na penumbra do Ser



-em si


-para si


O Homem encontra a


Alteridade.






A outra metade


A outra face


A outra parte


Procuradas.






Pedaço de mim, no Outro


Face de mim, escondida


Parte de mim, em algum lugar.






Necessito. Preciso.


Sou pela metade.


Incompleto.


meia vida.


Meia percepção.


Meia disposição.


Meio caminho.


Meio projeto.


Meio meio.






Metade, sofrida.


Metade, dor


Metade, felicidade.


Metade, transcendência.


Metade, transparência.


Metade, luta.


Metade, verdade.


Metade, vontade de potência.


Metade, morrer.






Procuro...


entre ruas, guetos, ângulos, frestas, vazios, vitrais,


campos, desertos, construções, espaços siderais, buracos negros...






Luzes.






Onde está você metade sem mim?






O tempo é metade.


Recortado, dividido.


Preciso!


Seu pêndulo corta a alma.






Vou de encontro ao vazio.


Quero buscar-me.


Desejar-me


Possuir-me.






O Homem é completo no Outro?






A outra metade de si


de mim.


Encontrá-la


é chegar ao topo e descê-lo eternamente.


Insatisfações...






Encontrá-la


e uma luta contrária aos deuses.


Uma constância.


Uma redundância.


Uma mesmice patética do ser humano.






Juntar as duas partes


Quais?


O outro no Outro?


Eu/outro


Eu/self


Eu/Alter


Eu/Eu


Tudo mera contingência


Tudo mera necessidade






Desejá-la?


Poucos.


Compreendê-la?


Impossível.


Explicá-la?


Nem os deuses.


Tê-la?


É fazer-se um-universo.


Uni-las, uma parte na outra


faz nascer o Amor.

Um comentário:

  1. Caro professor,

    Boa noite, comment allez vous? Olha, deixa eu te dar os parabéns pelas mudanças no viual do blogue, está perfeito o fuindo em bambu! Muito pitoresco.

    Os versos estão completos desta vez, é como se não escapasse nada à tua mente, como se cada detalhe fizesse surgir um mundo de palavras, que por sua vez carregam em si mundos e mundos de significação. Gostei do fim.

    E, voilà! A Vitória de Samotrácia! Reconheci no ato! Uma de minhas esculturas favoritas (depois daquela escultura do Rodin, é desta que eu mais gosto). Lindíssima, nem imagino quem foi o bárbaro que, talvez numa guerra, tenha decepado sua cabeça, mas imagina que divina ela seria com ela? Sem já é tudo!

    Abraços cordiais, gosto muito de teu blogue, Maurício.

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